Clara Nunes



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Em sua breve vida, Clara Nunes conseguiu o que muitos tentam durante anos de carreira e não conseguem: firmou-se como uma importante artista brasileira, exaltada e elogiada até hoje pelo público e pela crítica.

Considerada uma das maiores intérpretes do Brasil, Clara Nunes não era só cantora e compositora. Ela também pesquisou muito sobre a música popular brasileira, os ritmos nativos e o folclore nacional. Clara Nunes dedicou a sua arte para difundir a nossa cultura para o mundo. Em sua história de vida, conseguimos perceber tudo isso. Vem ver! 

 

BIOGRAFIA


Clara Nunes é a caçula dos sete filhos de um casal muito humilde de Cedro (atual Caetanópolis), em Minas Gerais. Nascida em 12 de agosto de 1942, com apenas 6 anos, ela já era órfã de pai e mãe e foi criada por seus irmãos Maria, a Dindinha, e José, o Zé Chilau.

Já naquela época, nas aulas de catecismo, Clara cantava as ladainhas em latim no coro da igreja. Parecia ter puxado o talento musical do pai, que era violeiro. Tanto que venceu o seu primeiro concurso de canto ainda na infância, na sua cidade.

Aos 14 anos, ela começou a trabalhar como tecelã para ajudar nas despesas da casa. Mas um acontecimento drástico a fez mudar às pressas para Belo Horizonte: Zé Chilau, seu irmão, assassinou o ex-namorado da cantora, que estava difamando a garota pela cidade por não aceitar o fim do relacionamento.


A Fugitiva na Capital


Após o crime cometido pelo irmão, que ficou anos foragido, Clara Nunes passou a viver com outros dois irmãos, Vicentina e Joaquim. Na capital, continuou o seu trabalho como tecelã e iniciou os seus estudos no curso normal, para se formar como professora.

Nos finais de semana, participava do coral da igreja do bairro. Porém, aos poucos, por influência de uma amiga de infância, foi se afastando do catolicismo e se converteu ao kardecismo.

Foi nessa época que ela conheceu o violonista Jadir Ambrósio, que ficou encantado com a sua voz. Ele a levou para as rádios de BH e a garota começou a se apresentar com o seu nome de batismo, Clara Francisca.

A cantora foi ficando cada vez mais conhecida pelos belo-horizontinos e conquistando o seu espaço na música. Em 1960, conheceu Aurino Araújo, com quem namorou por 10 anos. Durante o relacionamento, ele a apresentou a diversos artistas da cidade, que a apoiaram e influenciaram. 

Foi nesse período que ela resolveu adotar o nome artístico de Clara Nunes, que era o sobrenome de sua mãe. A sugestão foi do produtor musical Cid Carvalho.

Apesar de ainda trabalhar como tecelã, a artista não perdia a oportunidade de participar de eventos musicais. Ela venceu a etapa mineira do concurso A Voz de Ouro ABC, com a música Serenata do Adeus, de Vinícius de Morais. 

A partir do concurso, Clara recebeu o título de "melhor cantora de Minas Gerais". Os trabalhos foram aumentando e ela se apresentava também em clubes e boates.

Foi aí que ela teve de deixar a fábrica de tecidos e os estudos para se dedicar exclusivamente ao seu sonho. E deu certo!

Depois de se apresentar pela primeira vez na TV, no programa da Hebe Camargo, em 1963, ela ganhou um programa só dela na TV Itacolomi, o Clara Nunes Apresenta.

  

O Encontro Com o Mar e o Samba


Clara viveu em Belo Horizonte até 1965, até que Aurino a convidou para ir com ele para o Rio de Janeiro. Como ele tinha família na cidade, ela aceitou a proposta.

A cantora alugou um quarto em Copacabana e foi lá que viu o mar pela primeira vez na vida. Ela ficou tão encantada e hipnotizada que resolveu incorporá-lo em muitas de suas canções.

Em terras cariocas, a sua participação na televisão aumentou. Além disso, também se apresentava em escolas de samba e casas noturnas. Foi lá que ela entrou em contato com sambistas e religiões de matriz africana.

A conexão foi tão grande que ela deixou os boleros que cantava no início da carreira, passou a cantar samba e se converteu ao candomblé.

O primeiro LP de Clara Nunes foi gravado em 1965, com a participação de outros artistas, graças a um teste que ela passou para ser cantora da Odeon. No ano seguinte, foi contratada pela gravadora.

O primeiro álbum exclusivo foi lançado no ano seguinte, mas não teve muito sucesso. Por influência da gravadora, ela só cantou boleros e músicas mais românticas, o que já não era tanto o estilo da artista.

Foi só no segundo que Clara gravou mais faixas de samba e mostrou a sua personalidade. Assim, ela conquistou o coração do público comVocê Passa e Eu Acho Graça, que dá título ao LP.

Transcendendo os limites do Brasil, a cantora se apresentou em Luanda, na Angola, em 1970. No mesmo ano, desmanchou o seu noivado com Aurino Araújo, após descobrir uma traição.

No ano seguinte, gravou vários sucessos, como Ê Baiana e Ilu Ayê, em seu quarto LP. Na capa do disco, Clara Nunes fez um permanente nos cabelos e usou turbante e vestes brancas.

Essa passou a ser a sua vestimenta em apresentações. Assim, não só nas letras e no ritmo, a artista também reforçava as suas convicções com o figurino e o penteado. Faz todo sentido, já que, em 1971, ela se converteu à umbanda, religião que seguiu e difundiu até o fim de sua vida.

Em seguida, a cantora também afirmou a sua predileção pelo samba, ao lançar o álbum Clara Clarice Clara. Foi um trabalho muito elogiado, com canções lembradas até hoje pelo público brasileiro e com mensagens marcantes no samba, como Seca do Nordeste.

Clara Nunes estava cada vez mais presente nas rádios e nos programas de TV brasileiros. Sem falar das apresentações em teatros e auditórios, como o show O poeta, a moça e o violão, que ela apresentou ao lado de Vinicius de Moraes e Toquinho.

Sucesso também internacional, ela representou o Brasil no Festival do Midem, em Cannes, e teve um álbum lançado na Europa, em 1974. O LP foi recorde de vendas de cantoras brasileiras no exterior. 

Em 1975, a cantora se casou com o poeta, compositor e produtor Paulo César Pinheiro. Sem deixar o trabalho até mesmo na lua de mel, o casal percorreu vários países europeus em turnê logo depois do casamento.

 

O Sonho de Ser Mãe


Além da carreira estrondosa e da vida de casada, Clara Nunes também tinha o sonho de ser mãe. Apesar de muito tentar, depois de três abortos espontâneos, a artista teve de passar por uma histerectomia, para remover miomas no útero, o que impossibilitou uma gravidez.

Ela tentou diversos tratamentos médicos e espirituais, mas não conseguiu realizar o desejo da maternidade. Essa foi uma grande dor que a cantora carregou por toda a sua vida e afetou a sua saúde emocional.

Todo esse processo é retratado na biografia Clara Nunes: Guerreira da Utopia, de Vagner Fernandes.

Esse sofrimento fez com que a cantora se entregasse de corpo e alma à música e interpretasse canções cada vez mais dramáticas, com grande carga emocional.

 

Os Últimos Cantos


Na década de 1980, inúmeros hits foram lançados por Clara Nunes, como Morena de Angola, que é um marco de sua carreira até hoje. E muitos trabalhos já estavam planejados por sua gravadora.

Mas, infelizmente, no auge do sucesso, a vida da cantora foi interrompida no dia 2 de abril de 1983, por complicações em uma simples cirurgia de varizes.

Na época, a mídia fez muitas especulações sobre a causa da morte, mas ficou comprovado que foi uma reação alérgica ao anestésico.

Apesar de ter tido uma curta vida, já que Clara Nunes tinha apenas 40 anos quando faleceu, o seu legado ainda está muito vivo.

Ela continua a ser uma das cantoras antigas mais lembradas no Brasil, não só pelas suas canções emblemáticas, mas pela defesa das religiões de matriz africana e pela cultura afro-brasileira.

 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS