Wilson Simonal



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Wilson Simonal de Castro, nascido em 23 de fevereiro de 1938 no Rio de Janeiro e falecido em 25 de junho de 2000 em São Paulo, foi um renomado cantor e compositor brasileiro nas décadas de 1960 e 1970. Alcançou grande sucesso, inclusive comandando programas de televisão como "Spotlight" na TV Tupi, e dois programas na TV Record, intitulados "Show em Si… Monal" e "Vamos S'imbora". Wilson Simonal também assinou o que foi considerado na época o maior contrato publicitário de um artista brasileiro com a empresa Shell.

 

O Auge e a Queda: Associação ao DOPS e Declínio na Carreira


Dono de uma técnica vocal excepcional, Wilson Simonal viu sua carreira declinar após ser associado ao DOPS em um episódio que envolvia a tortura de seu contador Raphael Viviani. Isso resultou em um processo no qual foi condenado por extorsão mediante sequestro. Durante o curso desse processo, ele redigiu um documento declarando-se delator, o que o levou ao ostracismo e à condição de pária na música popular brasileira.


Legado Musical e Reconhecimento


Entre seus principais sucessos estão músicas como "Balanço Zona Sul", "Lobo Bobo", "Mamãe Passou Açúcar em Mim", "Nem Vem Que não Tem", "Tributo a Martin Luther King", "Sá Marina", "País Tropical" e "A Vida É Só pra Cantar". Wilson Simonal, que teve três filhos, Patrícia, Wilson Simoninha e Max de Castro, foi eleito o quarto melhor cantor brasileiro de todos os tempos pela revista Rolling Stone Brasil em 2012.

 

Infância e Início da Carreira


A biografia de Wilson Simonal inclui sua infância, sendo filho de Maria Silva de Castro e Lúcio Pereira de Castro. Seu nome foi uma homenagem ao médico que realizou seu parto, embora tenha sido alterado por seu pai. Ele estudou em colégio católico, onde teve aulas de canto orfeônico, e demonstrou seu talento musical na praça Antero de Quental. A experiência no 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado contribuiu para seu desenvolvimento como líder de plateias.

Iniciando sua carreira musical em 1960, Wilson Simonal integrou os Dry Boys e, posteriormente, seguiu carreira solo sob a orientação de Carlos Imperial. Participou de shows no Beco das Garrafas, sendo elogiado por sua voz, habilidade de interpretação e domínio de palco.


Consolidação e Novos Horizontes


Ao longo de 1966, Wilson Simonal consolidou sua presença na TV Record, mas foi apenas em outubro de 1966 que estreou seu próprio programa, "Show em Si… Monal", com roteiristas como Miele, Bôscoli, Carlos Imperial e Jô Soares. Durante esses meses, Simonal adquiriu experiência e ensaiou com seu conjunto. O álbum "Vou Deixar Cair", lançado em novembro de 1966, já explorava a ideia da pilantragem.

 

Sucessos, Contratos e Declínio


Em 1968, Wilson Simonal lançou "Sá Marina", uma música que se tornou um grande sucesso e o projetou internacionalmente. O cantor continuou a explorar novos sons, aproximando-se mais do soul e do funk. Em 1969, seu show "De Cabral a Simonal" foi um enorme sucesso de público, seguido pelo lançamento do álbum "Alegria, Alegria" com a banda ampliada.

No mesmo ano, Simonal assinou um contrato de publicidade com a Shell em setembro de 1969, sendo elogiado pela imprensa. No entanto, a partir de 1970, sua carreira enfrentou desafios significativos, incluindo acusações relacionadas ao regime militar e problemas financeiros.


Ostracismo e Tentativas de Retorno


Os anos seguintes marcaram uma fase conturbada na carreira do cantor, com mudanças de gravadoras, lançamentos de álbuns e shows que não alcançaram o mesmo sucesso de sua fase áurea. Em 1976, ele enfrentou um episódio polêmico envolvendo acusações de extorsão, o que levou a sua prisão. A carreira de Wilson Simonal continuou a declinar nos anos seguintes, com lançamentos que não alcançaram o mesmo impacto de seus sucessos anteriores. Em 1979, ele foi dispensado pela última grande gravadora com a qual estava vinculado. 


Ostracismo e Falecimento de Wilson Simonal


A década de 1980 marcou o início da independência de Wilson Simonal: o cantor mudou de empresário e lançou algumas músicas pela WM Produções, um pequeno selo independente do seu novo agente. Ele mesmo elaborou a maior parte dos arranjos, utilizando-os principalmente para criar alguma publicidade e oferecer repertório para seus shows, que se tornaram a peça central de sua carreira após o incidente com o contador. Durante a primeira metade da década, Simonal lançou apenas dois álbuns (Alegria Tropical e Simonal) e dois singles, destacando-se a estreia fonográfica de seu filho, Max de Castro, que na época tinha apenas dez anos.

Sandra Cerqueira, segunda esposa de Simonal, compartilhou em depoimento para o documentário "Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei": "Ele dizia para mim: 'Eu não existo na história da música brasileira'".

Ao longo dos anos, Simonal desenvolveu um problema com o álcool, principalmente uísque. O consumo excessivo dessa bebida anestesiava suas cordas vocais, que eram sobrecarregadas pelo cantor sem que ele percebesse. Isso resultou na gradual perda de sua capacidade vocal, levando-o aos anos 90 com uma voz consideravelmente debilitada. O álbum "Os Sambas da Minha Terra", lançado em 1991, foi gravado graças ao apoio financeiro de uma fã, que custeou as despesas do estúdio, músicos e o cachê de Roberto Menescal, responsável pela produção e arranjos.

Em 1994, lançou "A Bossa e o Balanço", seu primeiro registro na era do CD, contendo seus principais sucessos e texto de Ronaldo Bôscoli. A coletânea, lançada pela WEA através do selo "All the Best", foi responsável por apresentar Wilson Simonal a uma nova geração. Com esse lançamento, ele recuperou visibilidade, aparecendo no programa humorístico "Escolinha do Professor Raimundo", de seu amigo Chico Anysio, e ganhou a oportunidade de gravar um novo álbum para o mercado brasileiro. O álbum "Brasil" foi lançado pela pequena gravadora Movieplay no início de 1995, apresentando arranjos do próprio Simonal e um repertório saudosista, com regravações e clássicos do cancioneiro nacional.

No ano seguinte, lançou "Bem Brasil – Estilo Simonal" pela pequena gravadora Happy Sound, incluindo programações de teclados e uma participação especial de Toninho e Sabá, reavivando dois terços do grupo Som Três. O "revival" de Simonal continuou com o convite do produtor Max Pierre, diretor-artístico da PolyGram, para que César Camargo Mariano produzisse um disco intitulado "Casa da Bossa", contando com a participação de músicos consagrados da bossa em duetos com músicos mais jovens. César inicialmente pensou em Simonal para um dueto com Ivete Sangalo, mas, devido a problemas vocais, Sandra de Sá foi escalada para o dueto em "Lobo Bobo".


Declínio e Legado Póstumo


Em 25 de março de 2000, Wilson Simonal realizou seu último show no Espaço Memphis, um bar em Moema. Poucos dias depois, foi internado no Hospital Sírio-Libanês, recebendo visitas de Jair Rodrigues e, surpreendentemente, de Geraldo Vandré. Simonal faleceu em 25 de junho de 2000, vítima de cirrose hepática decorrente do alcoolismo.


Tentativas de Reabilitação e Reconhecimento Póstumo


O processo de reabilitação da imagem de Simonal na memória coletiva tem sido longo, não isento de dificuldades. Iniciou-se no início dos anos 90, quando Simonal obteve documentos da Presidência da República que, após investigação nos arquivos dos serviços de informação, não encontraram evidências de sua associação com os órgãos de inteligência. Isso permitiu que o cantor fosse retratado na mídia como uma vítima do clima da ditadura militar que provocava patrulhamentos.

No entanto, Simonal acabaria morrendo sem conseguir sair do ostracismo. Em 2002, a pedido da família, a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) abriu um processo para verificar as suspeitas de colaboração do cantor com os órgãos de informação do regime militar.
A comissão analisou documentos da época, consultou pessoas do meio artístico, como o comediante Chico Anysio e os cantores Ronnie Von e Jair Rodrigues, e examinou reportagens de jornais. Em uma notícia veiculada em 1992 pelo Jornal da Tarde, por exemplo, Gilberto Gil e Caetano Veloso, oficialmente perseguidos pelo regime militar, declararam não ter tido problemas de convivência com Simonal, e Veloso chegou a elogiar as qualidades do cantor como artista.

Além dos depoimentos de artistas e do material enviado por familiares e amigos, o processo incluiu um documento de janeiro de 1991, assinado pelo então secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori, que afirmava que, após pesquisa nos arquivos de órgãos federais, como o SNI e o CIEx, não foram encontrados registros de que Simonal tivesse sido colaborador, servidor ou prestador de serviços dessas organizações.

Em 2003, ao final do processo, Wilson Simonal foi moralmente reabilitado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos.


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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS